Segmentos
religiosos diferenciados produzem respostas a pergunta que dá nome a
este artigo. Os seguimentos dos quais menciono detêm
de maneira comum o uso dos textos bíblicos, todavia seu maior
diferencial consiste no fator “cristocêntrico”. Alguns
movimentos religiosos que utilizam o Novo Testamento também como
livro de fé, não centralizam suas formas de adoração na figura de
Yeshua (Jesus), eles ressaltam a pessoa do Eterno como aquele que
deve ser adorado, colocando Yeshua num status até de reconhecimento
messiânico, mas não deteria Ele o direito de ser adorado.
Por
muitos catequizados na doutrina da trindade, falar em adorar ao
Filho, ao Espírito Santo e ao Pai são pela lógica religiosa a
mesma ação. “Estou adorando a um único D'us.” não
sendo esta uma questão discutível, nem mesmo dígina de um artigo.
As camadas redacionais contidas no Novo Testamento corroboram para
esta mentalidade desenvolvida pela Igreja Católica, a exemplo disto
pode ser citado o texto de Mateus 28.19 “...em nome do
Pai do Filho e do Espírito Santo.” referindo-se
a prece ritual preservada pela Igreja Católica e suas ramificações
protestantes e evangélicas atuais. Apesar dos testemunhos de
batismos realizados no livro de Atos dos Apóstolos serem apenas em
nome de Yeshua.
Mas
a questão ADORAÇÃO quando refletida fora do conceito de Trindade,
o que de maneira exegética é mais coerente, por não existir esta
mentalidade trinitária no primeiro século, gera questões
controversas quanto a quem deve ser direcionada a adoração no culto
dos seguidores de Yeshua.
SOMENTE
O ETERNO DEVE RECEBER ADORAÇÃO.
A
Torá determina: “Nunca
adore nenhum outro deus, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, é de
fato D'us zeloso.” (Êxodo
34.14)
O
Eterno expressa um tipo de exclusividade quanto ao ato de adorar, Ele
deve Ser o foco de todo o serviço religioso. Qualquer outro ser
celestial ou terreno, anjos, espíritos, sacerdotes ou sábios,
animais, elementos da natureza ou qualquer ser humano não pode ser
adorado de maneira alguma.
Yeshua,
em princípio, não distorce nem contraria este critério cultual. O
que pode ser confirmado nas narrativas dos evangelhos que testemunham
o diálogo entre Ha Satã e Yeshua: “...Retire-se,
Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu D'us e só a
Ele preste culto’".(Mateus
4.10 ref. Lucas 4.8).
Confrontando
esta postura inicial testemunhada pelos Evangelhos, os mesmos
documentos religiosos apresentam Yeshua agora sendo adorado. Ele é
adorado por um leproso (Mateus 8.2), por um chefe de uma sinagoga
(Mateus 9.18), o mesmo por uma mulher fenícia (Mateus 15.25) e por
um cego (João 9.38). em nenhum destes casos Yeshua repreende seus
possíveis adoradores.
Precipitadamente
a leitura dos textos caracterizam as Escrituras como uma reunião de
documentos conflituosos que dificilmente poderiam ser utilizados como
padrão para um critério cultual monoteísta.
Propõem-se
então uma análise mais precisa dos texto partindo não das versões
portuguesas, mas dos vocábulos gregos e hebraicos registrados nas
principais versões.
ADORAÇÃO
EM SEUS VOCÁBULOS GREGOS E HEBRAICOS
Quando
vertido para o português diversos termos gregos e hebraicos foram
traduzidos na simples palavra ADORAÇÃO. Todavia se analisados em
seus idiomas originais os textos recebem uma profunda reflexão.
Destacamos os principais termos:
shachah
- inclinar-se, prostrar-se diante de superior em deferência,
proceder
humildemente, diante de D'us em
adoração. Provavelmente o termo mais utilizado no Primeiro
Testamento.
Avodah
-
trabalhar, servir de maneira geral, mas também referente ao serviço
religioso do Templo, servir a D'us. Em boa parte das versões
portuguesas veio como adoração por estar ligado ao serviço
religioso levitical.
Outros
termos são ainda mencionados como formas de apresentar adoração. O
vocábulo Yadah derivado de Yad
- “mão”.
Yadah significa bater palmas, dar graças, elogiar, louvar com mãos
estendidas, uma forma de adoração. Halel
“saltar de alegria, regozijar-se, gritar”. A Palavra Halleluyah
deriva-se deste termo dando sentido de se regozijar em Yah –
abreviação respeitosa do nome de D'us utilizada na poesia hebraica.
Entre
os termos gregos encontramos a expressão Latreia
- que
veio a ser vertido para o português hora como serviço,
hora como adoração,
por se referir ao serviço religioso do Templo de Jerusalém.
Sebomai
-
um termo que resume-se a reverenciar, ou adorar (marcos 7.6); e o
termo mais comum seria proskuneo
– cair
de joelhos, prostrar-se, prestar homenagem, expressar respeito ou
súplica, lamber a mão ou beijá-la, tocar a testa no chão.
A
diversidade de termos hebraicos e gregos geram conflitos que poderiam
ser amenizados pela Septuaginta, já que esta adequou alguns
equivalentes gregos aos vocábulos hebraicos dos quais eram
empregados no culto ao Eterno.
Logo,
a questão se Yeshua deve ser adorado apresenta dois embates
principais:
1
– Nenhuma relação dos seguidores de Yeshua e o reconhecimento de
Sua messianidade pode ferir a Unicidade do Eterno e o direito a Ele
devido e exclusivo de Ser o foco da Adoração.
2
– Yeshua Ben Elohim, cuja existência precede a Torá, que é
modelo de cumprimento não legalista dos preceitos, Único do gênero
e de paternidade Divina, cumprimento das profecias e digno de
estabelecer o Milênio e restaurar a casa de Davi. Deve ser colocado
em seu lugar de honra. Mas como dar ao Rosh (cabeça) de sua kehilah
(Igreja) o merecedor louvor sem que Ele seja reverenciado numa
condição de idolatria?
O
Novo Testamento destaca uma incrível confecção dos textos
referidos aos atos reverenciáveis à Yeshua e ao Eterno com termos
específicos para cada gesto tido como religioso ou cultual.
Todas
as vezes que foram registrados gestos interpretados e traduzidos como
adoração, apenas o termo grego proskuneo
foi
utilizado para Yeshua. Mesmo no registro de Marcos em que um homem
possuído se apresenta diante de Yeshua, o cronista usa proskuneo
para
se referir ao ato dos demônios reverenciarem a Yeshua, que na versão
Almeida Revista e Atualizada veio traduzida como adorou.
(Marcos 5.6)
Proskuneo
denota
uma ideia de curvar-se diante da autoridade do Messias. Yeshua
não sofre nenhuma ação cultual de seus seguidores na condição de
Sebomai
ou
Latreia. Pois
ambas estão associadas a um conceito divino que (1) ou daria a
Yeshua a ideia de ser Ele O D'US ETERNO, a pessoa dele plena, (2) ou
o colocaria na condição de mais uma divindade de um panteão
greco-romano e agora judaico frente ao costume pagão antigo de dar
aos seus líderes e imperadores encarnação divina.
Yeshua
não se coloca nesta condição cultual, mas para o Novo Testamento a
palavra proskuneo
tornou-se
exclusiva para Yeshua. Em Atos 10.25-27 Cornélio decide projetar sua
fé em realizar um proskuneo
para
Pedro. Ele lançou-se aos pés do Apóstolo que o repreendeu dizendo
que ele era um homem como ele e indigno deste ato cultual.
O
mesmo acontece no livro de apocalipse sendo narrado por duas vezes o
episódio, tanto no capítulo 19.10 e 22.9 em que João faz o ato de
proskuneo
diante
de um mensageiro:
“Então
caí aos seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: "Não faça
isso! Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantêm
fiéis ao testemunho de Yeshua. Adore
a D'us!
O testemunho de Yeshua é o espírito de profecia". (Apocalipse
19.10)
Em
ambos os textos o Mensageiro não aceita o ato
de proskuneo,
afirmando
que este ato deveria ser feito apenas a D'us, mas o orienta a ater-se
ao testemunho de Yeshua.
CONCLUSÃO
Em
muitas preces e canções de louvor ao Eterno contidas nas
Escrituras, assim como nas maior parte das preces do Sidur (livro de
ordem do serviço religioso judaico) inicia-se com a frase “Baruch
atá Ad'nai...”
Este
vocábulo Baruch – bendito,
ou abençoado, louvado,
vem da raiz Barech que traduz-se também como joelho,
ajoelhar-se,
prostrar-se.
Exatamente a ação do termo grego proskuneo.
Um
ato de adoração ao Eterno deve ser prestado em moldes de shachah
– inclinar-se,
e num serviço religioso aos moldes da Avodah
-
referente
ao serviço religioso do Templo,
servir
a D'us em adoração.
Assim
como a proposta contida nos equivalentes gregos Sebomai
e
Latreia devem
ser direcionados única e exclusivamente ao Eterno.
Todavia
como aproximar-se do Eterno e materializar um culto de adoração
plena sem a figura do Messias?
Yeshua
não furta a glória do Eterno. Quando nos apresentamos no serviço
religioso de nossas congregações sem nosso ato de proskuneo
ao Messias Yeshua, discernimos
menos sobre O Eterno e quem Ele é. Uma avodah
(serviço
religioso) pode
limitar-se a repetição de rituais, ou o pronunciar vão de adoração
e repetição de textos que adoram ao Eterno, mas sem kavaná
(intenção). Yeshua fez uso das palavras do profeta Isaías e
alertou “Este
povo achega-se a mim com a sua boca e honra-me com os seus lábios,
mas o seu coração está longe de mim, em
vão me SEBOMAI
(me adoram),
ensinando doutrinas [que são] preceitos <mandamentos> dos
homens.” (Mateus
15.8-9).
Yeshua
plenifica o sentido da adoração. Quando fazemos nosso proskuneo
ao Messias Yeshua nos
aproximamos mais do que realmente propõe O Eterno para a adoração.
Quando O Messias foi questionado pela mulher samaritana (João 4)
onde era o lugar desejado pelo Eterno para efetuar o proskuneo
(adoração), Yeshua
disse que a salvação viria dos judeus e os faria adorar em espírito
e em verdade. A mulher por sua vez disse que o Messias faria
conhecido a maneira correta de adorar. (v.25)
Yeshua
revela O Eterno. Em cada serviço religioso que entre as canções,
palmas, danças, notas musicais, ritos, tradições, bençãos e
engradecimentos ao Eterno efetuarmos um proskuneo
ao Messias Yeshua, recordando
e descobrindo o cumprimento das profecias nele, seu ato salvífico
como Cordeiro de D'us, pronunciando nossa gratidão, amor,
reconhecimento de sua Messianidade, prostração e esperança de seu
retorno. Não diminuiremos O Eterno, diferente disto estaremos mais
próximos da plena ação de adorar a D'us.
Infelizmente
na contra mão encontramos alguns judeus e evangélicos que minimizam
Yeshua colocando-o fora de seus méritos. O reflexo disto são
sinagogas antes messiânicas que agora tornam-se sinagogas que ainda
esperam O Messias chegar. Na mesma tendência, mas em um volume muito
mais escandaloso, denominações tidas como cristocêntricas que
substituíram o seu proskuneo
ao Messias Yeshua pela
rentável teologia da prosperidade que deforma o evangelho de Yeshua
a um nível mutilado
Baruch
habá b'Shem Ad'nai. Yeshua
HuAdon Melech ha Moshiach.
por
Pr. Renato Cesar
por
Pr. Renato Cesar
Olá Pr. Renato, meu nome é Ruberlandia Almeida, meu marido e eu moramos em João Pessoa na Paraíba. Gostaria de lhe parabenizar pelo texto que muito me edificou e esclareceu, creio no Eterno como D'us único e em seu Amado Filho como nosso Messias, mas admito, não q eu tenha dúvidas sobre isso, mas que há dificuldade em explicar estes textos àqueles que ainda se apegam a "Santíssima Trindade". Percebendo em seu trabalho neste texto fidelidade e comprometimento gostaria de lhe perguntar, se não for incômodo, sobre a profecia de Isaías que prediz que homens viriam de lugares distantes, trariam presentes e adoraríam o "menino", profecia que se cumpriu em Mateus quandos os magos encontraram O Rei dos Judeus. Bom, gostaria de saber se o termo real usado para esse evento seria Proskuneo, Sebomai ou Latreia? Ou se ao ADORAREM eles realmente estavam adorando o Messias ou A quem o Messias representava. Desde já agradeço, espero encarecidamente uma resposta. Meu email: bellaalmeida2012@hotmail.com também estou no facebook Belandia Almeida. Graça e Shalom da parte de nosso D'us e do nosso Senhor Yeshua, o Messias!!!
ResponderExcluirNa bíblia não se encontra essa palavra " santíssima trindade ".
ExcluirMas a trindade está lá.
Assim como "avô ". Mas está lá.
Jesus disse : eu vou para o pai, mas não vos deixarei ÓRFÃOS, enviarei OUTRO CONSOLADOR.
nesse texto deixa claro a trindade.
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
JOÃO
ResponderExcluir(Jo 1:3 [JFA-RC(Pt)])
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Gratidão por esse ensino. Louvado seja o Eterno em sua vida. Há muito tempo eu tinha essas dúvidas dentro de mim. Transformar o nosso entendimento não é fácil, a idolatria estar impregnadas dentro de nós e removê-la é um trabalho duro. Eu nasci no conceito de trindade. Depois me tornei Discipula de Yeshua por meio de uma congregação que busca a visão de Jerusalém. No entanto, a linguagem da trindade ainda é muito forte nesse meio. Eu sempre pedi ao Eterno que me revelasse Yeshua. Busquei nos textos do Tanach, busquei nos ensinos de Yeshua, busquei nos ensinos dos apóstolos e não vi em nenhum momento eles se prestarem e prestarem adoração a Yeshua. O próprio fala sobre a verdadeira adoração ao Pai, não a ele. No entanto, dentro de nós gera um conflito, por causa do texto que temos em mãos os quais usam “adoração” para todas as situações do tanach quanto da brit hadash. Seu ensinamento foi esclarecedor e rico. É resposta para o que eu buscava. Coloquei isso como um desafio para ter a verdade revelada. Louvado seja Adonai por isso.
ResponderExcluirGratidão.