O DOM DE INTERPRETAR LÍNGUAS um brevíssima abordagem



Auro Del Giglio, em sua Obra Iniciação ao Estudo da Torá, narra a existência de um método de tradução da Torá para outras línguas, proveniente do período de domínio persa, chamado de Targum. Mas sendo o hebraico a língua tida como sagrada e utilizada no serviço religioso judaico,...a Torá era lida nas sinagogas primeiramente em hebraico, e em seguida, traduzida verso a verso para o aramaico por um tradutor, de modo que as massas pudessem entender a leitura das Escrituras Sagradas.(pág.17§1)

Na contribuição de Auro Del Giglio encontramos uma tendência que foi sendo expandida para outros idiomas devido à propagação do cristianismo e o contato com os gentios, assim como a ampliação do mundo grego junto a províncias de origem judaica, principalmente fora de Israel. Tornou-se uma necessidade o uso de traduções de trechos da Torá e homens que tivessem uma capacidade de interpretação de línguas estrangeiras para que os goyim (gentios) pudessem entender o serviço religioso.

O apóstolo Paulo contesta, junto a um ambiente gentio, em especial a igreja de Corinto, o serviço religioso utilizado em uma língua tida como desconhecida, estranha aos ouvidos da maior parte da comunidade. Ele alerta sobre a necessidade de um intérprete.Eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação. (I.Cor.14.5).
Nesta brevíssima abordagem feita por esta casa de estudos, apresentamos uma proposta de releitura dos textos paulinos referentes ao fenômeno de línguas estranhas, pela ótica de uma problemática causada pela ausência da aplicação dos targuns no serviço religioso daquele período e a não atuação daquele que Auro Del Giglio chama deMeturgueman(pág.17§2),aquele que tem o dom de interpretar estas línguas,” pode nos levar a entender que o ambiente em que este fenômeno religioso foi manifestado, pode esclarecer, ou no mínimo apresentar um novo foco que elucide a importância desteDOMque somente era edificador para a comunidade, quando em harmonia com outros indivíduos de mesma crença mas que detinham outros dons, como Paulo cita:Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos? Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente.(I.Cor.12.30-31) Estes juntos gerariam um produto final considerado excelente.

Logo esta questão aparenta que o conceito de língua estranha, deriva-se de quem fala, para quem ouve, levando em consideração aspetos étnicos e dialetos, tendo o intérprete um papel de extrema importância, e até de dependência, no equilíbrio da aplicação do dom de falar em línguas para com a comunidade.

A leitura atual das línguas estranhas pela versão Almeida das Escrituras tem sido aplicada de forma anacrônica, associando as manifestações modernas de línguas contidas nos cultos pentecostais, como óculos para a análise das questões tratadas em Atos dos Apóstolos e nas epístolas tidas como paulinas.



Bibliografia :
Auro Del Giglio – Iniciação ao Estudo da Torá, Ed. Sefer – São Paulo 2003 176pg.

Nenhum comentário:

Postar um comentário